quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Cuba: potência esportiva

                 O artigo a seguir foi escrito em maio de 2004. Há sete anos, portanto. E continua atual. Até porque, se mantém o feroz embargo econômico dos EUA a Cuba, que já dura duas décadas; faltam verbas para a manutenção das escolas e para a importação de equipamentos modernos para o esporte.
                Porém, a filosofia de oferecer aos alunos uma atividade física saudável, complemento da instrução pedagógica é a mesma de décadas. Prova de que política de esporte de Estado não é apenas jorrar verbas no alto rendimento, nem jogar recursos públicos pelo ladrão.
          O texto é do professor de Educação Física, Vanderlei Wosniak, de Blumenau, Santa Catarina.
            Confira:
         Cuba, 11 milhões de habitantes, 11 milhões de esportistas. Uma história que começou há 45 anos, num discurso.
            "Nosso nível esportivo é muito baixo. Temos que tentar elevá-lo rapidamente."
            Fidel Castro disse isso 29 dias depois de ter chegado ao poder com a Revolução Cubana, em 1959. Treze anos depois, nos Jogos Olímpicos de Munique, nascia uma nova potência olímpica: Cuba. Desde então, os cubanos ficaram sempre entre os dez primeiros no quadro de medalhas.
            A crise econômica que o país enfrenta desde o fim da União Soviética, o isolamento político e ainda o bloqueio econômico dos Estados Unidos não afetam o desempenho esportivo.
            Nos últimos jogos olímpicos, em Sydney, no ano 2000, Cuba ficou em nono lugar no quadro de medalhas: 11 de ouro, 11 de prata e 7 de bronze, uma posição à frente da rica Grã-Bretanha.
            O segredo desse sucesso esportivo está escondido em prédios de aparência feia.Não há dinheiro para a manutenção, mas, lá dentro, crianças aprendem a ser atletas.
            Em Cuba, o principal instrumento para se praticar esportes não é uma bola, uma chuteira, uma sapatilha, uma raquete, mas sim a carteira escolar.

            "Não se concebe um bom esportista que não seja um bom aluno", ressalta Javier Sotomayor, que conquistou a medalha de ouro no salto em altura nas Olimpíadas de Barcelona, em 1992.

            Aos 5 anos, uma criança escolhe uma modalidade e passa a praticá-la diariamente na escola.
            Se tem sucesso, aos 8 anos vai para uma escola formada de atletas. É a pirâmide cubana. À medida que o aluno avança nos estudos vai sendo avaliado como atleta. Até que, na Universidade do Esporte, só chegam os atletas de alto rendimento.
            Em uma turma de tiro com arco, de uma escola em Havana, as condições são precárias, mas o que faz diferença é a formação.
"Quando se tem vontade de seguir adiante, se põe toda a capacidade de inteligência, de perseverança. Essa é a característica do povo cubano", comenta Ana Quirot, bicampeã mundial nos 800 metros rasos.
            Quem não tem o talento para ser atleta continua na escola normal e segue praticando alguma modalidade.
            "O mais importante para nós não são as medalhas, mas o ser humano e o melhoramento da qualidade de vida e que o esporte possa ser algo importante na educação das novas gerações de cubanos", enfatiza Alberto Juantorena, que conquistou duas medalhas de ouro no atletismo, nas provas de 400 e 800 metros rasos, nas Olimpíadas de Montreal, em 1976.
            Havana, 18h de uma terça-feira. Cerca de 3 mil pessoas estão na Cidade Esportiva,uma área pública de lazer. Não estão competindo, estão simplesmente praticando esporte,muitos esportes. Ao fundo, uma frase que explica tudo: "Cuide de sua saúde, pratique esporte."
Por José da Cruz

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